“O que é meu é da cigana!”: religiosidade travesti em contextos de curimba digital

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18568/cmc.v16i45.1921

Palavras-chave:

Travesti, Religião, Redes sociais digitais

Resumo

O artigo interpreta práticas de consumo das tecnologias digitais, em especial do Facebook, na composição das vivências religiosas de matriz afro-brasileira, a partir de uma etnografia para a internet (HINE, 2015) com travestis na cidade de Santa Maria, RS, discutindo algumas intersecções entre religião, tecnologia e transexualidade. O trabalho aponta que nessas práticas se entrecruzam os segredos da curimba, produzidos nos itinerários da fé, com os demais elementos que constituem a vida social das interlocutoras. Além disso, aponta como os sentidos da religiosidade do ilê são conduzidos e interpretados através dos regimes de sociabilidade digital.

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Biografia do Autor

Alisson Machado, Universidade Federal de Santa Maria

Mestre e doutorando em Comunicação, pelo Programa de Pós-Graaduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria. Bolsista Capes.

Sandra Rubia da Silva, Universidade Federal de Santa Maria

Doutora em Antropologia Social (UFSC) e Mestre em Comunicação e Informação (UFRGS). Docente do Departamento de Ciências da Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria.

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Publicado

2019-04-18

Como Citar

Machado, A., & da Silva, S. R. (2019). “O que é meu é da cigana!”: religiosidade travesti em contextos de curimba digital. Comunicação Mídia E Consumo, 16(45), 143–163. https://doi.org/10.18568/cmc.v16i45.1921

Edição

Seção

Artigos