Chamada de Trabalhos para Dossiê Temático Internacional

2022-05-31

As plataformas digitais emergiram como um novo modo de produção na economia global mais ampla ao extrair, fazer circular e controlar enormes quantidades de dados tomados como ativo no plano econômico, social e político. O termo metafórico “plataforma” descreve uma infraestrutura que permite a um ou mais grupos interagirem com base em uma combinação de big data, computação de nuvem e telefonia móvel como uma arma crescentemente competitiva.

As plataformas transformaram as indústrias promocionais globais, que incluem a publicidade, o marketing, as diferentes formas de patrocínio e as relações públicas. Nesse contexto, a lógica de produção da plataformização fez emergir novas ocupações tais como marketing de conteúdo digital, e-commerce, publicidade programática, gerenciamento de mídia social e design de experiência de usuário (UX), para citar apenas algumas delas.

Enquanto o impacto da plataformização digital está no cerne de vários debates interdisciplinares, até o momento tem havido apenas tentativas limitadas de compreender o impacto coletivo da plataformização e da lógica algorítmica nas indústrias promocionais globais.

Mais de um quarto de século atrás, a Escola de Birmingham nos deu o Circuito de Cultura como uma forma de pensar sobre produção, consumo e representação na economia da cultura. O modelo ajudou ao apreender o campo promocional como atividade representacional, situada entre a produção e o consumo, e responsável pela circulação de produtos, serviços e ideias.

Enquanto as plataformas digitais aceleram os processos de distribuição, juntando produtores e consumidores de formas crescentemente livres de fricção, os hiatos entre as muitas formas de produção e consumo digital estão se fechando. Na economia de plataformas, produtos tais como a publicidade, o conteúdo de marca e os vídeos patrocinados não são mais articulados no tempo, enquanto os meios pelos quais tais produtos circulam agora operam de modo mais logístico e algorítmico do que com base em narrativa ou representatividade, já que o conteúdo digital atrai e organiza usuários, lugares e coisas no tempo e no espaço.

Como, então, devemos entender a atividade promocional da era digital? Serão bem-vindas as contribuições que considerem algumas das seguintes questões:

  • Como devemos entender as plataformas digitais e sua relação com as indústrias promocionais, seus trabalhadores, sua produção e insumos? Neste caso se reconhece que algumas plataformas como Amazon, Facebook e Google são, elas próprias, entidades promocionais que se situam dentre as maiores companhias de publicidade do mundo.
  • Quais seriam as implicações de desenvolvimentos tecnológicos recentes tais como a shoppable TV, os preparativos para o metaverso do Facebook, ou o futuro fim dos cookies de terceiros?
  • Quem são os novos intermediários promocionais? Qual o futuro das funções promocionais tradicionais? Como estas funções tradicionais se posicionam em relação às novas especialidades tais como insight de dados, estratégia de conteúdo, gerência de mídia social ou design de user experience (UIX)?
  • Até que ponto os dispositivos, ferramentas e produtos promocionais contemporâneos representam novas abordagens? As contribuições podem explorar desde funis de conversão até stacks tecnológicos in-house, de ferramentas analíticas a ferramentas de monitoramento, de aplicativos móveis até bots promocionais e influenciadores virtuais de marca.
  • Existem alternativas locais, regionais às redes programáticas controladas pelas grandes plataformas que integram grupos como Alphabet e Meta? A atual supremacia das Big Techs retira valor dos mercados publicitários nacionais e a tornam reféns desses gigantes tecnológicos norte-americanos?
  • A economia de plataformas está interligada com a coleta massiva de dados, as tecnologias de aprendizado de máquina e aprendizado profundo também dependem do armazenamento de dados. As teorias da espetacularização, das sociedades de controle, do capitalismo de vigilância ou da economia dirigida por dados tentam cobrir os fenômenos da conversão dos fluxos da vida em dados. Quais conceitos e teorias permitem melhor aprofundar as análises sobre as indústrias promocionais e a lógica de plataformas na era digital?
  • Por fim, como e onde podemos aferir empírica e teoricamente as mudanças nas indústrias promocionais, especialmente quando grande parte da atividade promocional é opaca ou difícil de mapear?

Além das questões acima, as contribuições podem também considerar os seguintes tópicos para o desenvolvimento de artigos, incluindo, porém não se limitando a:

  • Interfaces AR/VR
  • Grande X pequeno – campanhas, devices, mercados
  • Circuitos de cultura algorítmica
  • Disrupção, distribuição, desarticulação
  • Questões éticas, marginalização e justiça social
  • Communicação humano-máquina
  • Novos intermediários promocionais
  • Devices and ferramentas promocionais
  • Condições de trabalho e o trabalho nas indústrias promocionais.

Prazos

1 julho 2022 – Data final para submissão de resumo de, no máximo, 800 palavras, pelo sistema da revista CMC (http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/login)

1 agosto 2022 – Os selecionados serão convidados a submeter seus artigos completos

31 outubro 2022 – Deadline para a submissão dos artigos completos pelo sistema da revista CMC (http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/login)

15 janeiro 2023 – Serão anunciados os artigos selecionados para publicação

30 abril 2023 – Publicação do Dossiê temático internacional