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Chamada de Trabalhos para Dossiê Temático Internacional - Produção, circulação e consumo de imagens produzidas em coletividade e a fabulação do comum
Processos sócio-históricos ocorridos nessas quase duas décadas e meia do século XXI fizeram emergir, como corpos falantes, sujeitos oriundos de contextos subalternizados que passaram a reivindicar o direito de se narrar, rasurando as paisagens hegemônicas do sensível. Da ampliação do acesso ao ensino superior e a descentralização das universidades aos avanços tecnológicos que produziram alterações radicais nos modelos de realização audiovisual e, consequentemente, nos modos de circulação e consumo de imagens, nos vemos diante de uma paisagem midiática hipersaturada que convoca a uma reflexão minuciosa sobre as relações entre estética, política, partilha do sensível e os sentidos do comum, do comunitário e da coletividade frente ao avanço neoliberal.
No caso da chamada produção audiovisual pós-industrial, tais rasuras se dão nos níveis estético, discursivo e institucional: pessoas negras, mulheres, indígenas, migrantes, periféricas e dissidentes de gênero e sexualidade - com as interseccionalidades possíveis entre esses grupos - ocupam hoje diversos espaços com suas imagens imbuídas de desejo de intervenção social, de disputa por visibilidade e de superação de imaginários datados que contribuíram para perpetuar historicamente posições de assujeitamento e reificação de violências estruturais.
Essas produções situam-se em um espectro midiático bastante amplo, o que resulta em registros também muito distintos e constituídos de uma miríade de convocações éticas e estéticas na interface comunicação, mídia e consumo simbólico: vídeos amadores publicados em redes sociais para divulgação de lutas políticas; filmes produzidos por coletivos; cinemas negros; cinemas indígenas; cinemas de mulheres e audiovisualidades produzidas por movimentos sociais no âmbito da comunicação comunitária constituem algumas das materialidades e leituras possíveis para o fenômeno que se busca investigar com o dossiê.
Convidamos a comunidade acadêmica à submissão de artigos que proponham discussões sobre as relações entre imagens e coletividade a partir (porém não exclusivamente) dos seguintes eixos:
Convocações éticas e estéticas de imagens produzidas em coletividade
As imagens e as redefinições do comum e do comunitário frente ao neoliberalismo
Relações entre economia política do audiovisual e coletividades
Produção audiovisual periférica
Olhares opositores e narrativas contracoloniais
Inflexões teóricas para pensar imagens e fabulações (fabulação como produção da política na ficção, afrofabulação, fabulação crítica, entre outras)
Imagens e imaginação política
Produção, circulação e consumo de imagens de conflitos sócio-ambientais
Algumas chaves para pensar o audiovisual contemporâneo: utopias, luta e cansaço
Envio dos artigos: até 12 de agosto de 2024
Publicação: dezembro de 2024
Editoras: Gabriela Almeida (PPGCOM ESPM) e Angelita Bogado (UFRB)
