Da antipolítica ao acontecimento: o anarquismo dos corpos acontecimentais

Autores

  • José Luiz Aidar Prado Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP, São Paulo, SP

DOI:

https://doi.org/10.18568/cmc.v14i39.1318

Palavras-chave:

Tensividade, Acontecimento, Política, Afetos

Resumo

O acontecimento que rompe com a ordem estabelecida, com os estados de coisas com representações estáveis, só pode surgir a partir de uma visão pós-fundacional de política em que esta não é gestão condominial dos seres a partir dos biopoderes midiatizados, mas surgimento da voz dos que não têm voz, do povo, a partir das demandas diferenciais que, de início, não dialogavam. A teoria materialista da comunicação é aqui pensada a partir de um antagonismo de base, de uma negatividade da ordem pulsional que circula em um campo tensivo a partir do qual as partes buscam performativamente, na luta pelo reconhecimento (Honneth) e pela visibilidade, a emergência de acontecimentos disruptivos (Badiou). Como os discursos pela democracia radical podem, nessa perspectiva, ser constituídos fora dos arautos corrompidos do sistema tradicional? Como, no momento do acontecimento, emergem corpos anarquistas dispostos a mergulhar no processo de verdade que aí se inicia? Em termos de uma lógica dos afetos ou das paixões, o caminho da política se faz do medo para a alegria, da retenção para a libertação/emancipação. Nesta direção é que pensaremos a comunicação entendida como campo tensivo de emergência da política performativa acontecimental.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

José Luiz Aidar Prado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP, São Paulo, SP

José Luiz Aidar Prado é professor doutor no Programa de Estudos Pós-graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP e editor da revista Galaxia. É autor de Habermas com Lacan e Convocações biopolíticas dos dispositivos comunicacionais. É coordenador do Grupo de Pesquisas em Míidia e Discurso - Um dia sete dias.

Referências

BADIOU, A. Philosophy for militants. London: Verso, 2012.

__________. Lógicas de los mundos. Buenos Aires: Manantial, 2008

BOLTANSKI, L.; CHIAPELO, E. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

BUTLER, J. Bodies in alliance and the politics of the street. Disponível em http://eipcp.net/transversal/1011/butler/en, 2011

BUTLER, J.; SALIH, S. The Judith Butler Reader. Oxford: Blackwell, 2004.

DARDOT, P. e LAVAL, C. A nova razão do mundo. Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

DUNKER, C. I. L. Mal-estar, sofrimento e sintoma. São Paulo: Boitempo, 2015.

FOUCAULT, M. História da sexualidade. Vol. 2 O uso dos prazeres. São Paulo: Graal, 2009.

_____________. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

FRASER, N.; HONNETH, A. Redistribuición o reconocimiento? Madri: Morata/Paideia, 2006.

FREIRE FILHO, J. Ser feliz hoje. Rio de Janeiro: Globo Universidade?FGV, 2010.

GRAEBER, D. Um projeto de democracia. São Paulo: Paz & Terra, 2015.

HONNETH, A. La sociedade del desprecio. Madrid: Trotta, 2011.

____________. Luta por reconhecimento. São Paulo: 34, 2003.

LACLAU, E. A razão populista. São Paulo: Três Estrelas, 2013.

LACLAU, E.; MOUFFE, C. Hegemonia e estratégia socialista. São Paulo: Intermeios, 2015.

PRADO, J. L. A. Comunicação e reinvenção acontecimental da política. In: JESUS, E.; TRINDADE, E.; JANOTTI JR., J.; ROXO, M. (Org.). Reinvenção comunicacional da política. Salvador: Edufba, pp. 15-30, 2016a.

______________. Da convocação da alma gêmea ao acontecimento amoroso. In: PINHEIRO, A; SALLES, C. (Org.). Jornalismo expandido: práticas, sujeitos e relatos entrelaçados. São Paulo: Intermeios, pp. 127-145, 2016b.

______________. A política do performativo em Butler. In: GREINER, C. (Org.). Leituras de Judith Butler. São Paulo: Annablume, pp. 15-35, 2016c.

______________. Comunicação como epistemologia do sul: do reconhecimento à emergência do acontecimento. Matrizes (Online), v. 9, p. 109-125, 2015.

______________. Política do acontecimento. Revista FAMECOS (Online), v. 20, pp. 495-520, 2013.

PRADO, J.L.A.; PRATES, V. O afastamento de Dilma Roussef: afetos e discursos em disputa na política. Texto apresentado à Compós, 2017 (prelo).

RANCIÈRE, J. O desentendimento. São Paulo: 34,1996.

SAFATLE, V. O circuito dos afetos. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

___________. Cinismo e falência da crítica. São Paulo: Boitempo, 2008.

VIVEIROS DE CASTRO, E. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2002.

Publicado

2017-04-26

Como Citar

Prado, J. L. A. (2017). Da antipolítica ao acontecimento: o anarquismo dos corpos acontecimentais. Comunicação Mídia E Consumo, 14(39), 10–30. https://doi.org/10.18568/cmc.v14i39.1318

Edição

Seção

Artigos