Da antipolítica ao acontecimento: o anarquismo dos corpos acontecimentais
DOI:
https://doi.org/10.18568/cmc.v14i39.1318Palavras-chave:
Tensividade, Acontecimento, Política, AfetosResumo
O acontecimento que rompe com a ordem estabelecida, com os estados de coisas com representações estáveis, só pode surgir a partir de uma visão pós-fundacional de política em que esta não é gestão condominial dos seres a partir dos biopoderes midiatizados, mas surgimento da voz dos que não têm voz, do povo, a partir das demandas diferenciais que, de início, não dialogavam. A teoria materialista da comunicação é aqui pensada a partir de um antagonismo de base, de uma negatividade da ordem pulsional que circula em um campo tensivo a partir do qual as partes buscam performativamente, na luta pelo reconhecimento (Honneth) e pela visibilidade, a emergência de acontecimentos disruptivos (Badiou). Como os discursos pela democracia radical podem, nessa perspectiva, ser constituídos fora dos arautos corrompidos do sistema tradicional? Como, no momento do acontecimento, emergem corpos anarquistas dispostos a mergulhar no processo de verdade que aí se inicia? Em termos de uma lógica dos afetos ou das paixões, o caminho da política se faz do medo para a alegria, da retenção para a libertação/emancipação. Nesta direção é que pensaremos a comunicação entendida como campo tensivo de emergência da política performativa acontecimental.
Downloads
Referências
BADIOU, A. Philosophy for militants. London: Verso, 2012.
__________. Lógicas de los mundos. Buenos Aires: Manantial, 2008
BOLTANSKI, L.; CHIAPELO, E. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
BUTLER, J. Bodies in alliance and the politics of the street. Disponível em http://eipcp.net/transversal/1011/butler/en, 2011
BUTLER, J.; SALIH, S. The Judith Butler Reader. Oxford: Blackwell, 2004.
DARDOT, P. e LAVAL, C. A nova razão do mundo. Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
DUNKER, C. I. L. Mal-estar, sofrimento e sintoma. São Paulo: Boitempo, 2015.
FOUCAULT, M. História da sexualidade. Vol. 2 O uso dos prazeres. São Paulo: Graal, 2009.
_____________. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FRASER, N.; HONNETH, A. Redistribuición o reconocimiento? Madri: Morata/Paideia, 2006.
FREIRE FILHO, J. Ser feliz hoje. Rio de Janeiro: Globo Universidade?FGV, 2010.
GRAEBER, D. Um projeto de democracia. São Paulo: Paz & Terra, 2015.
HONNETH, A. La sociedade del desprecio. Madrid: Trotta, 2011.
____________. Luta por reconhecimento. São Paulo: 34, 2003.
LACLAU, E. A razão populista. São Paulo: Três Estrelas, 2013.
LACLAU, E.; MOUFFE, C. Hegemonia e estratégia socialista. São Paulo: Intermeios, 2015.
PRADO, J. L. A. Comunicação e reinvenção acontecimental da política. In: JESUS, E.; TRINDADE, E.; JANOTTI JR., J.; ROXO, M. (Org.). Reinvenção comunicacional da política. Salvador: Edufba, pp. 15-30, 2016a.
______________. Da convocação da alma gêmea ao acontecimento amoroso. In: PINHEIRO, A; SALLES, C. (Org.). Jornalismo expandido: práticas, sujeitos e relatos entrelaçados. São Paulo: Intermeios, pp. 127-145, 2016b.
______________. A política do performativo em Butler. In: GREINER, C. (Org.). Leituras de Judith Butler. São Paulo: Annablume, pp. 15-35, 2016c.
______________. Comunicação como epistemologia do sul: do reconhecimento à emergência do acontecimento. Matrizes (Online), v. 9, p. 109-125, 2015.
______________. Política do acontecimento. Revista FAMECOS (Online), v. 20, pp. 495-520, 2013.
PRADO, J.L.A.; PRATES, V. O afastamento de Dilma Roussef: afetos e discursos em disputa na política. Texto apresentado à Compós, 2017 (prelo).
RANCIÈRE, J. O desentendimento. São Paulo: 34,1996.
SAFATLE, V. O circuito dos afetos. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
___________. Cinismo e falência da crítica. São Paulo: Boitempo, 2008.
VIVEIROS DE CASTRO, E. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2002.